quarta-feira, 6 de maio de 2009

A volta


Volto a postar no blog, agora espero com regularidade, já que a vida ficou mais tranquila, na "Pérola do Tapajós". Como um dos assuntos mais quentes do momento é o rio Tapajós invadindo a cidade, me inspirei sobre o tema. Para ilustrar, uma imagem feita no centro comercial no dia 05 de maio. Até!


O rio

Diz a música do Paulinho da Viola: “foi um rio que passou em minha vida, e meu coração se deixou levar”. Nesses tempos de enchente e rio cheio, achei por bem re-inaugurar esse espaço com algumas considerações sobre os povos do rio, pessoas de água, como eu.

Nasci aqui e passei anos longe desse rio, o Tapajós, que, modéstia à parte, deve ser um dos mais belos desse mundo. Somente os que nascem e vivem à beira de rios, sabem o que significa sair do seu lugar, e ir para outro, onde o rio se esconde por trás dos prédios, onde as águas sujas não nos dão mais peixes, e sim lixo. Acostuma-se com tudo, e aos poucos, vamos substituindo a paisagem da infância por outras, o que não deixa de ser enriquecedor também. Mas o rio azul, aquele, fica lá, guardado, como o amor adormecido.

A vida nas cidades à beira de rio tem aspectos únicos. Os barcos que vão e vêm carregando coisas e pessoas, o olhar para o infinito, que dá a sensação de que o mundo é bem maior, que a vida vai se embora no horizonte, que não estamos presos num pedaço de terra, que podemos, sim, sair, ir, ver o mundo que está lá, depois dessa água, e voltar. Ficar sentado na “beira”, esperando a fisgada do peixe que pode nunca acontecer, mas pelo menos treinamos nossa paciência e otimismo! O banho de praia, a piracaia, o passeio de canoa. Apaixonantes prazeres.

Como entender o ribeirinho que sofre todos os anos com a cheia, que constrói marombas, corre riscos, mas não sai de lá. Não abandona o rio, esse que lhe dá o peixe, a vida. Quem tem um rio só seu entende isso. Sou solidária a todos que passam necessidades urgentes com a enchente, e que merecem mais atenção e carinho de todos que tem o poder de ajudá-los.

Termino com os versos do meu pai, Emir Bemerguy: “...Tapajós, o sonho predileto, e o Amazonas, o querido bem...” Até!

7 comentários:

Quaderna disse...

Égua, Lila!...

O rio é o rio... Só entende quem tem isso dentro de si, entende? (rsrs)

Repetições à parte, não tem como não reverenciar isso a toda hora, sempre, de novo. Adorei a sua fala. Reporto o meu umbigo, a meu pai(tapajônico também) e a mim (de água bem barrenta e suja).

Venho te visitar sempre, ok? E deixe esse Santarém fluir assim de ti.

Abraços,
Allan

Lila Bemerguy disse...

Allan,

Terei sempre prazer de te receber aqui, com a Aninha e o Heitor! Saudades...

Carmen Palheta disse...

Olá, Lila!!!

Poxa, me emocionei ao ler teu texto sobre o rio... De fato, essas idas e vindas de barco, de olhares fixos que contemplam o infinito da vida é uma das raras sensações que nós, pobres mortais, na correria e na rotina das grandes cidades, não temos o prazer de usufruir. Que bom que isso tudo tem te "molhado" a alma e reanimado a memória... Nossas memórias são nossas referências mais certas de que temos passado, presente e podemos vislumbrar um futuro bem melhor.
Desejo que tenhas muitos rios para navegar e poder voltar, à hora que queiras, aos lugares onde estiveste.Às pessoas que amas...

Saudades desse Tapajós!
Espero em breve estar por aí...
" Uma eira, uma esteira, uma beira de rio...."

Beijos aluzinados...

Carmen

Rejane disse...

Parabéns pelo texto. Sou uma eterna apaixonada pela região. Ah, vi uma foto sua ( garoto na canoa), num Blog e adorei! Curto fotografia e fiquei alegre em saber que temos uma fotógrafa santarena tão talentosa. Vou visitá-la sempre. Abço.

Helenilson (Leno) disse...

Lila, parabéns pelo blog, pelas fotos e pelo texto.
Abraço
Helenilson (Leno)

Carmem Lazari disse...

Lila querida, estava por esses tempos a pensar muito em ti!
Por aqui também mudanças!
As crianças estão ótimas.
Quem sabe me encho disso tudo que é São Paulo e vou viver com a minha cria por aí.
bjs saudades grandes

Alessandra disse...

Muito boa reflexão, gostei demais!. A foto, as fotos de enchente, me deixam um pouco angustiada. Mas eu gosto de apreciar o "como tirar beleza" da feiúra. Eu tb nasci à beira do rio Tapajós. E hj admiro a baía de Guanabara! rs.